A divina arte de dirigir

Quando eu era aborrecente adolescente eu não tinha pretensão de dirigir. Aliás ficava apavorada com a idéia de passar ao lado daqueles caminhões cegonhas ou carregados de containers.
Eu tive uma amiga que era tão sedenta por dirigir que um dia antes de completar 18 anos já foi na auto-escola para marcar aulas de direção.
Bom ... só com 25 anos eu resolvi que precisava dirigir embora só meu pai tivesse carro e a essa altura ele já estava separado da minha mãe.
Em posse da habilitação provisória eu nunca peguei no volante de um carro ... e só uns 3 anos depois apareceu a oportunidade e o dinheiro para comprar um carro.
Carro comprado, seguro feito, som e alarme instalado, insulfilm colocado e ... carro na garagem. Foi assim por um ano. Eu só o ligava algumas vezes na semana para a bateria não descarregar. Outras meu pai pedia emprestado (quando o fusquinha dele ia visitar o mecânico).

Lembro claramente o primeiro dia que eu resolvi sair sozinha de carro.
Na época eu trabalhava em dois lugares: na parte da manhã na senzala e na parte da tarde na secretaria da Cultura Inglesa. Na Cultura Inglesa era meu último dia (eu era temporária).
Eu morria de medo de dirigir em subidas: e se o carro morresse? ou se o carro voltasse para trás? Aquela clássica falta de habilidade entre embreagem e acelarador.
Bom, um dia antes eu calculei milimetricamente o percurso. O caminho seria aquele que tivesse o menor número possível de subidas, não importava quão longo ele seria.
Sai de casa mais cedo e fui para a senzala. Tudo certo.
Na hora de ir para o segundo trabalho eu dei uma volta enorrrrrrrrrrme, porque todos os caminhos curtos eram providos de subidas movimentadas.

Hoje dou risada ao lembrar disso.
O carro continua o mesmo mas com alguns amassados e arranhões. Hoje, é claro, faço o caminho mais curto e não me importo mais com subidas.
Sempre digo que uma das melhores coisas que eu fiz foi aprender a dirigir e perder o medo de dirigir.
Dirigir me deu uma liberdade que nunca antes eu havia imaginado.

If ...

If you could change one thing about your love life, what would it be?

It is silly

... but I like it.